ATA DA QUADRAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 10-12-2002.

 


Aos dez dias do mês de dezembro de dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e dois minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Senhor Enio Roberto Kaufmann, nos termos do Projeto de Resolução nº 018/02 (Processo nº 0028/02), de autoria do Vereador Cassiá Carpes. Compuseram a MESA: o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Eliezer Pacheco, Secretário Municipal de Educação, representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Gustavo de Mello, Chefe da Casa Civil, representando o Senhor Governador do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Leônidas Isdra, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; o Senhor Enio Roberto Kaufmann, Homenageado; a Senhora Rosita Kaufmann, mãe do Homenageado; o Vereador Cassiá Carpes, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Cassiá Carpes, em nome das Bancadas do PTB e do PC do B, registrando a justeza da presente homenagem, discorreu sobre a trajetória profissional do Senhor Enio Roberto Kaufmann e ressaltou a importância do trabalho desenvolvido pelo Homenageado na área da educação e, especialmente, no pioneirismo de implementação de cursos de preparação para concursos vestibulares. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado Estadual Flávio Koutzii e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, parabenizando o Vereador Cassiá Carpes pela iniciativa de propor esta homenagem, discursou sobre a escolha vocacional do Homenageado e a dedicação com que Sua Senhoria desenvolve as atividades de educador. Ainda, avaliando o significado do Prêmio de Educação Thereza Noronha, asseverou ser a homenagem justa. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, destacando a essencialidade da atuação dos professores na missão de instruir e educar as pessoas para o convívio social, parabenizou o Homenageado pelos seus trinta anos de dedicação ao Magistério. Também, registrou o trabalho desenvolvido por Sua Senhoria na preparação de educandos através de cursos pré-vestibulares. O Vereador Fernando Záchia, em nome da Bancada do PMDB, saudou o Homenageado e discorreu sobre as qualidades do trabalho de educador que Sua Senhoria tem desempenhado ao longo de trinta anos, bem como sobre os benefícios decorrentes dessa atuação em prol da sociedade porto-alegrense. Também, asseverou tratar-se de homenagem justa e meritória. O Vereador Carlos Alberto Garcia, em nome das Bancadas do PSB e do PT, parabenizando o Vereador Cassiá Carpes pela iniciativa em propor esta homenagem, destacou dados pessoais e profissionais do Homenageado. Nesse sentido, discorreu sobre as qualidades de educador e de empreendedor de cursos pré-vestibulares do Senhor Enio Roberto Kaufmann. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado Estadual Kalil Sehbe e, em continuidade, convidou o Vereador Cassiá Carpes a proceder à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Senhor Enio Roberto Kaufmann, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Prêmio recebido. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense, informou que, após o término da presente Sessão, seria realizado um coquetel de confraternização no “T Cultural Tereza Franco” do Palácio Aloísio Filho e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e seis minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador José Fortunati e secretariados pelo Vereador Cassiá Carpes, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Cassiá Carpes, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a outorga do Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Professor Enio Roberto Kaufmann, proposto pelo Ver. Cassiá Carpes. Compõem a Mesa o Sr. Enio Roberto Kaufmann; a Sr.ª Rosita Kaufmann, mãe do homenageado; o Ex.mo Sr. Chefe da Casa Civil, Dr. Gustavo de Mello, neste ato representando o Sr. Governador do Estado; o Sr. Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Dr. Leônidas Isdra.

Gostaríamos de cumprimentar a todos que nos dão a honra de prestigiar esta Sessão Solene, que tanto destaca-se com a presença dos senhores e senhoras e, especialmente, com a presença do nosso homenageado.

Convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Ouve-se o Hino Nacional.)

 

O Ver. Cassiá Carpes, proponente desta homenagem, está com a palavra e falará em nome do PTB e do PC do B.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Nesta oportunidade estamos homenageando o Prof. Enio Roberto Kaufmann com o Prêmio de Educação Thereza Noronha, figura conhecidíssima nos meios educacionais do nosso Estado. Seu trabalho dinâmico e qualificado, sempre voltado para o bem-estar da nossa sociedade, transmitindo seus profundos conhecimentos aos jovens estudantes, marcando com letras de ouro sua participação nos colégios e cursos em que foi professor.

Enio Roberto Kaufmann nasceu em Porto Alegre, em 4 de fevereiro de 1948, cursou o Científico e Eletrotécnico nos colégios Júlio de Castilhos e Parobé, e Física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Sua experiência como professor iniciou-se em 1972 ministrando matemática no Colégio Nossa Senhora dos Anjos, em Gravataí, e Física no Colégio Israelita Brasileiro. Ministrou aulas de Física também no Curso Pré-Vestibular Mauá, fato que modificou totalmente sua vida.

Em 1978, já com experiência adquirida em cursos pré-vestibular, fundou o Curso Unificado, que deu origem ao Supletivo Unificado, Colégio Leonardo da Vinci, Unificado Concursos e Colégios Unificado.

Paralelo ao Magistério, Enio foi ainda coordenador da cadeira de Física no Colégio Israelita Brasileiro, coordenador da cadeira de Física do Curso Unificado, coordenador da cadeira de Física do Colégio Unificado, membro do Conselho Técnico Diretivo do Colégio Israelita Brasileiro, membro do Conselho Diretivo dos Colégios Unificado, Diretor de Ensino do Curso Unificado, Diretor de Comunicação e Marketing do Sistema Unificado de Ensino, coordenador das Jornadas Unificado de Debates para Direções e Coordenações de Escolas.

Ao longo desta caminhada muito contribuiu para o ensino, principalmente em Porto Alegre, e também no encaminhamento de milhares de jovens aos bancos universitários.

Entre tantas qualidades que descrevem o nosso homenageado, entendemos muito justa esta homenagem ao educador e homem de fibra, que soube retirar obstáculos e vencer desafios.

Parabéns Professor Enio, e obrigado por tua dedicação a uma causa nobre.

Esta Casa tem sempre o objetivo de homenagear aqueles que se destacam na nossa comunidade e no Estado. A contribuição que trouxe o Professor Enio à educação do nosso Município, tem aqui, hoje, o coroamento, onde queremos, além de homenageá-lo, também dar os parabéns aos seus funcionários, aos seus familiares, aos seus amigos, porque sabemos que vivemos numa coletividade, mas sempre tem que haver aquele que é o precursor, aquele que inicia, aquele que comanda, aquele que faz parte total de uma estrutura do curso Unificado. E o Professor Enio tem dado a nossa Cidade uma contribuição fundamental na educação. No momento em que temos a família desagregada, o problema das drogas, onde os adolescentes, a nossa juventude, enfrentam um dilema, e não vejo outra saída por parte dos pais e professores que não seja através da escola, através da educação, através do ensinamento.

Portanto, Professor Enio, queira receber desta Casa, deste Vereador que o homenageou, e, principalmente, da população de Porto Alegre, esta homenagem, porque ela está aqui representada por 33 Vereadores, numa pluralidade partidária, que acolheu a idéia deste Vereador, mas é a comunidade quem sacramenta, que dá o poder, e que realmente reconhece. Portanto, receba de todos os Vereadores da comunidade esta homenagem justa a alguém que trabalha para uma função essencial, que é a educação, e que tem nas suas mãos o princípio da honestidade, do trabalho sério, e de elevar a capacidade dos nossos adolescentes e jovens, na construção de um futuro melhor. Receba os parabéns deste Vereador, desta Casa e da comunidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Registramos a presença do Sr. Eliezer Pacheco, Secretário Municipal de Educação, representando o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre João Verle.

Informo também que o Deputado Estadual Flávio Koutzii, que esteve aqui no início dos trabalhos, infelizmente não pode permanecer em função das votações que, neste momento, acontecem no Parlamento Estadual.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e falará em nome do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Para mim tem uma representação muito singular a homenagem que hoje é prestada ao Enio, nesta Casa, e deixa sempre uma pequena vontade de ter sido o autor, mas eu fui signatário também e cumprimento o meu colega Cassiá Carpes, que teve esta feliz idéia. Tenho certeza de que partindo do meu colega Cassiá até tem este conteúdo maior, porque expressa o sentimento de um conjunto, neste momento muito maior, pelas raízes pelas quais saiu esta homenagem. Enio, eu te digo: nós somos contemporâneos desde a época do Colégio Estadual Júlio de Castilhos. A tua trajetória, a tua opção de vida foi aquela opção que mais se deu pelo teu coração, pela tua razão, pela tua vocação. Percorreste o caminho mais árduo na busca da tua realização profissional. Embora nós saibamos o quanto é importante, do ponto de vista da formação de cada um de nós, o papel do professor, desde o processo de alfabetização até os mais graduados níveis, nós sabemos que a profissão do professor, a função, a atividade do magistério é uma atividade que exige do professor muito de si.

Acredito que neste momento esta Casa, a representação política da cidade de Porto Alegre resgata um compromisso com quem foi um dos pioneiros na história das cursinhos em Porto Alegre, dentro de uma linha de muita seriedade, de muita responsabilidade. E vejo outros colegas ligados à história dos pré-vestibulares, vejo o Professor Régis e outros professores. Todos nós, mesmo que tenhamos uma sólida formação de 2.º grau, como no Júlio de Castilhos podíamos dizer, naquela época, nos idos anteriores a 64, quando o processo educacional não se dava simplesmente pela cruzinha e pelos gabaritos, mas pelos conteúdos, pelos textos, pela interpretação de textos, pela arte de escrever, de construir um discurso lógico, harmonioso, seja pelo texto, seja pela palavra, nós precisávamos para enfrentar a “barra” do vestibular, do cursinho pré-vestibular. Não havia tantas universidades, assim como há hoje, era mais complicado. Naquela época só havia, aqui em Porto Alegre, a UFRGS e a PUC. E eu era um daqueles que, como muitos outros que estão aqui prestigiando esta tua homenagem, teria que ser só pela UFRGS. Se não fosse pela UFRGS, teria que esperar mais um ano para uma outra oportunidade, já que havia dificuldade de pagar uma universidade particular. Hoje, nossos filhos estão na PUC, na ULBRA, na Ritter, em tantas outras estruturas universitárias. E tu ris porque tu és homem de sala de aula. O Unificado tem um papel - quero resgatar isso aqui - extremamente importante na história desse produto, não só do processo educacional, não da torre de marfim, mas do processo do debate, da discussão, do embate de idéias, mesmo nos tempos difíceis da ditadura e do arbítrio.

Recordo-me, em 1982, quando participei de um debate no Unificado, numa sala de aula, a primeira vez que eu concorri como Vereador, eu, André Forster e Antonio Hohlfeldt participávamos de um debate, coordenado por ti, numa sala de aula que dava medo; não eram 30 alunos, mas 300 alunos, na Igreja São José. Então, a coisa tinha esse calor do debate.

Ser um professor, num curso pré-universitário, com um papel que representa na formação e no preparo dos nossos jovens e vem representando, historicamente, mostrou que é sério, mostrou que é uma estrutura que veio para ficar, fazendo esse processo de se chegar, de se atingir à universidade, de preparo, de exercício.

Passam-se as idades, as gerações, nossos filhos - eu não fui aluno do Enio - já passaram pelas mãos do Enio ministrando em sala de aula. Ele tem a responsabilidade de direção, mas eu sei qual é o perfil e a vocação do Enio, e é por isso que ele está recebendo este Prêmio e, por isso, o reconhecimento a ele. Tu nunca abristes mão, mesmo na condição de empresário na área, de estar na sala de aula, de estar ali, no duro combate de ministrar a aula. Muitas vezes, se telefonava para o Enio, para “quebrar o galho” de uma meia-bolsa e uma história assim ou acolá, o Enio não podia nos atender e só não nos atendia quando estava em sala de aula.

Essa história, eu quero aqui, por derradeiro – e aqui eu vejo alguns familiares de uma pessoa que também é muito querida por praticamente todas as pessoas que o conheceram neste local – me recordar, de quando participamos juntos, de um trabalho de uma pessoa que era extremamente determinada e voluntariosa naquilo que ela queria. Eu me recordo quando nós participamos juntamente, sob a coordenação do Sr. Bóris Russowski, da construção do Marco Representativo da Imigração Judaica no Rio Grande do Sul, lá em Santa Maria. E o Sr. Bóris desenhava lá como é que ele achava que tinha que ser o monumento, colocava as frases, nós trocávamos idéias com ele, que impunha aquela vontade férrea dele; e nós trabalhamos juntos, naquela época, naquele trabalho importante. E, dentro de dois anos nós estaremos comemorando, certamente, lá naquele Marco, que tem uma pontinha nossa também, o Centenário da Imigração Judaica no Rio Grande do Sul e no Brasil, marco referencial.

Portanto, eu quero te dizer que, em nome do meu Partido, do PDT, dos meus colegas de Bancadas, todos participaram no sentido de que esta Casa tenha a sensibilidade de, nas escolhas, transcender as questões político-partidárias. A nossa Bancada toda acompanhou a proposição do Ver. Cassiá Carpes, professor também e técnico de futebol, craque, de conceder a ti o Prêmio de Educação Thereza Noronha. A Tereza Noronha, para nós, é um símbolo desta Cidade e deste Estado, de vocação educacional. E quando nós concedemos a alguém o Título, o Prêmio Thereza Noronha, é exatamente identificando essa responsabilidade e esse critério na difícil arte de educar e de ser professor. Parabéns, Enio. Nossos cumprimentos em nome da nossa Bancada e em meu nome pessoal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra e falará em nome do PPB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente. Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Coloco sempre na primeira linha de minhas preocupações, como homem público, representante do povo porto-alegrense, tudo quanto diga respeito à escola e à família - instituições que entendo serem as detentoras da maior parcela de responsabilidade pela construção e pela preservação da vida social pacífica, ordeira, progressista, solidária, fraterna e feliz. Pais e professores são, então, no meu modesto entendimento, elementos centrais, essenciais mesmo, para que a vida social possa bem fluir e se orientar no caminho do bem comum. E por isso os considero parceiros inseparáveis na missão de instruir e de educar, responsáveis primeiros e imediatos pela formação do caráter e pelo desenvolvimento das pessoas. São eles, enfim, os verdadeiros educadores, aos quais cabe dar aos indivíduos os fundamentos e a estrutura necessários à vida gregária.

Com tais convicções, Sr. Presidente, é sempre com muita alegria e emoção que participo de cerimônias como esta, em que a Câmara Municipal de Porto Alegre homenageia alguém ligado à educação ou à família, como hoje acontece, graças à iniciativa do preclaro Ver. Cassiá Carpes, a quem saúdo efusivamente. Professor Enio Roberto Kaufmann, homenageado de hoje, sua extensa caminhada, de cerca de 30 anos de atividade dedicada à educação, como professor capaz e como empreendedor criativo, dão-lhe, por certo, uma posição destacada entre as pessoas devotadas à prática docente. Mas, ainda que não bastasse tanto e tão qualificado trabalho, ainda que não bastasse seu preparo pessoal e profissional e ainda que não bastassem sua devoção e dedicação à causa do ensino, sua visão lúcida sobre os caminhos da educação para enfrentar os graves problemas do nosso País já seria suficiente para tornar justa a outorga do Prêmio de Educação Thereza Noronha, que esta Casa agora, com muita justiça, lhe faz.

Neste momento especial da história do Rio Grande do Sul, quando um novo Governo está por se iniciar, o Prêmio Educação adquire importância singular, porque nos permite, uma vez mais, pôr em relevo o papel da educação social, que é complementar à educação familiar e escolar. A educação não deve jamais assumir coloração ideológica, mas deve, isto sim, ser pluralista na linha de pensamento, edificadora de valores e construtora de caracteres. Para merecer o nome de educação deve ser libertadora de consciências e permitir a livre expansão criativa, para que as pessoas possam cumprir seu destino, vocacionado ao absoluto.

Esse é, pois, o enfoque central.

Receba, então, Professor Enio Roberto Kaufmann, o Prêmio Educação Thereza Noronha, como um reconhecimento por tudo quanto fez pela educação em Porto Alegre, mas também como um estímulo a outros educadores que, como o senhor, sabem que os problemas de nossa cidade, do nosso Estado e do nosso País têm solução e que essa solução passa, necessariamente, pelos caminhos da verdadeira, honesta e sadia educação. E que Deus o abençoe. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra e falará em nome da Bancada do PMDB.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Cumprimento especialmente o Ver. Cassiá Carpes pela brilhante iniciativa.

Enio, quando os Vereadores que me antecederam faziam referência à trajetória brilhante e importante para o desenvolvimento da Cidade, eu ficava pensando que o grande momento deste Título é quando da sua votação neste Plenário; aí sim, porque o Prêmio Thereza Noronha tem um significado para todos nós Vereadores que temos uma preocupação com a formação da cidade de Porto Alegre, no crescimento da cidade de Porto Alegre, na justiça social que, por intermédio das nossas atividades políticas, podemos minimizar ou não.

Se o Prêmio Thereza Noronha, na sua discussão, nós sempre escolhemos, sempre homenageamos aquele educador que está de uma maneira ajustada ao perfil do Prêmio, uma pessoa que ajudou a sua atividade profissional, a formação da sociedade porto-alegrense, que na sua atividade profissional sempre teve a preocupação de ensinar, de dar educação, de dar conhecimento, para que através desta educação, através deste conhecimento, nós pudéssemos ter uma sociedade mais justa, nós pudéssemos ter uma sociedade socialmente mais equilibrada. Esta sempre foi, Enio a preocupação das nossas discussões no momento das votações deste Prêmio.

E quando o Ver. Cassiá Carpes, numa justa e bela iniciativa, trouxe para discussão no Plenário, e teve a unanimidade, mostrou que a Câmara de Vereadores, o Parlamento Municipal da Cidade de Porto Alegre, tem este entendimento da justiça do Prêmio, do acerto do Prêmio. Sem dúvida alguma, a tua atividade, a tua vida, fizeram com que nós pudéssemos trabalhar com uma Cidade mais equilibrada.

Então, eu queria deixar de uma maneira rápida registrados em meu nome pessoal e em nome do meu Partido os cumprimentos, na certeza absoluta de que a sua atividade profissional tem um reflexo muito grande no crescimento e na formação dessa Cidade. Parabéns.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra e falará em nome do PSB e PT.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Primeiramente nós falamos aqui em nome do PSB e também do Partido dos Trabalhadores. Queremos parabenizar o Ver. Cassiá Carpes pela iniciativa, porque são milhares de educadores, e o Ver. Cassiá Carpes teve de pinçar alguém que, ao longo de sua vida, tem-se destacado na área educacional. Nós sabemos, Enio, que este Prêmio além de ser teu, ele também é um Prêmio colegiado do Unificado como um todo, por que sei a maneira como vocês trabalham. Então, por extensão, este Prêmio também é do Unificado. Mas algumas características tuas, Enio, eu que já te conheço há tantos e tantos anos, da tua maneira de ser. Tu, ao longo da vida, sempre foste aquela pessoa simples e humilde, professor, educador, amigo, sábio; tens dois ouvidos e uma boca, porque ouves mais do que falas, mas quando fala com primazia consegues tocar no coração dos teus alunos, E é por isso que este Prêmio Thereza Noronha tem esta característica, é a maior distinção da cidade de Porto Alegre a um educador. E hoje estás recebendo isso. Então, a Cidade quer te agradecer pelo que tens feito, nesta tua longa trajetória, que começou como professor de Física. Algumas características, li na tua biografia: começastes em 72, no Gensa, em Gravataí, e naquela oportunidade eu também começava a ministrar aulas também em Gravataí, no Colégio Salesiano, lá em Morungava. Estudamos em escolas públicas, tu, no Julinho, eu, no Infante e quando foi fundado o Unificado, e depois o Unificado foi para o lado do Colégio São José, naquela oportunidade, era Coordenador do Colégio São José.

Então, esta trajetória educacional que tem buscado, ela realça, quando se fala na cidade de Porto Alegre de Enio Kaufmann, as pessoas conhecem, conhecem muito mais do que um simples professor de cursinho, um simples professor que dá, deu e dará muitas dicas. Conhecem aquela pessoa que, muitas vezes, em num canto, vai perguntar uma opinião, vai ver de que forma vai agir. Isso, Enio, é o que te caracteriza, essa sensibilidade de ouvir os alunos, e é por isso que este Prêmio que já dissemos que é a mais alta distinção, ele cabe muito bem, porque não é fácil, num mundo como o nosso, de tantas distorções, em que muitas vezes as pessoas têm dúvida da questão de ser educador, mas tenho certeza que se tu tivesses que voltar no tempo, tu serias novamente educador. Porque quem é educador e vivência, sabe que uma das maiores dádivas que recebemos é poder falar e receber, ministrar e ouvir.

É por isso que, em nome do Partido Socialista Brasileiro, e hoje também falando em nome do Partido dos Trabalhadores, queremos te saudar e desejar que continues sempre essa tua maneira de ser: Enio, homem educador. Parabéns. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Registramos a presença, para o prazer desta Casa, representando a Assembléia Legislativa do Estado, do Deputado Kalil Sehbe.

Convido o Ver. Cassiá Carpes a proceder à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Professor Enio Roberto Kaufmann.

 

(Procede-se à entrega do Título.) (Palmas.)

 

O Sr. Enio Roberto Kaufmann está com a palavra.

 

O SR. ENIO ROBERTO KAUFMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Estou muito emocionado! Eu realmente não imaginava que ainda pudesse ficar atrapalhado ao falar em um microfone depois desse tempo todo, mas parece-me que as coisas se juntaram, organizaram-se. Na verdade, o representante do Governador é meu amigo há tantos e tantos tempos... E a gente olha para o Gustavo, a gente vê o Serjius, a gente se lembra da livraria, a gente se lembra do que já viveu. Do Kalil, eu tive a honra de ser professor. Entre os Vereadores, o Nando, que falava aqui há pouco, foi meu aluno. Com o Garcia, trabalhei junto. O Isaac, meu “Deus do Céu”, eu o conheço desde, quando ele ainda tinha cabelos. É muito tempo! Realmente, as coisas se juntaram.

Eu queria começar falando..., eu escrevi algumas coisas, pois sabia que acabaria atrapalhando-me. Aqui estão os meu amigos. Eu estava sentado ali em cima e passando os olhos via que cada um dos que estão aqui sentados é um pedacinho da minha história de vida, de tantos e tantos anos: minha mãe: meus filhos, minha alegria, minha razão de vida; minha mulher Regina; meus amigos, minhas amigas. Eu sou muito, muito rico! Realmente, esta riqueza ao meu redor...

Há 30 anos eu estava com uns papéis parecidos com estes nas mãos, eu tinha preparado umas quinze vezes a minha primeira aula de Física no Colégio Israelita, depois do incrível fracasso que o Garcia mencionou, quando eu fui tentar ser professor de Matemática. Meu “Deus do Céu”, pobre dos alunos, não entendiam nada, nem eu! Eu acabei sendo professor de Física. Eu tenho a impressão de que naquela aula eu tremia como hoje. Eu estava voltando para um colégio, onde eu tinha sido aluno, em que eu cresci tendo orgulho de ver o meu pai ajudar a construir aquele Colégio Israelita, da Protásio Alves. Eu tive aula de Português naquele colégio, com Guilherme Finkelstein, que o pessoal da minha geração conhece e tive aulas com quem me deu um lindo presente hoje: José Teixeira Baratojo, o maior professor que eu conheci em toda a minha vida. Hoje, eu faço questão de contar para todos vocês que ele me deu uma aula de novo. Ele me deu um prêmio hoje! Eu liguei para ele hoje e disse: “professor, eu corri como um diabo, mandei convite par um monte de amigos e não mandei convite para o senhor. Agora, eu fui escrever um discurso e comecei a pensar em quem era importante na minha vida e me dei conta o quanto o senhor tinha sido importante. Professor, me perdoe, me dê um presente e vá”. Por isso que eu aprendi a ser professor. Ele não recebeu o convite com antecedência, não, e está aqui sentado. Foi assim que eu aprendi as coisas. Obrigado mestre. Obrigado! (Palmas.)

Dar aulas de Física era para mim quase que um sacrilégio. Eu tinha feito o 2.º Grau, na época dizia-se Curso Científico - talvez os meus alunos não saibam do que eu estou falando -, e fui aluno do Luzzatto, no primeiro ano, fui aluno do Chemello, no segundo ano, fui aluno da grande Nancy, no terceiro ano; eu não tinha nenhuma alternativa, eu tinha que gostar de Física, eu só podia gostar de Física. Será que eu, começando a dar aula, poderia, um dia, talvez ser parecido com esses “caras”?

A verdade é que a gente precisa ter sorte. O curso de Física na Universidade Federal foi um encontro com o Professor Rolando Axt, um encontro com o Professor Vítor Hugo Guimarães, professores que me mostraram que a Física deve ser primeiro pensada, e só depois calculada. Para se entender os fenômenos da Física não é com uma calculadora. Alguém me deu isso. E quando digo isso, vejo, aqui, alguns que me escutaram; esses que foram meus alunos há tanto tempo e hoje me dão a honra de serem meus colegas, até os que são meus alunos agora. Essas coisas todas que digo não vieram da minha cabeça. Eu tive sorte, eu tive gente capaz de me ensinar isso.

Como é que se é professor? No final dos anos 60 e início dos anos 70, quando fiz a minha escolha profissional, com hesitações, com avanços, com recuos, ser professor era complicado. E, como em muitos casos, até hoje é bem difícil de ser aceito. Falamos tanto em escolha profissional, eu e o Régis, que andamos por aí, e sempre comentamos como a gente ouve dos próprios meninos, pressionando uns aos outros, pressionando quem faz alguma escolha pelo magistério, e dizendo para alguém, principalmente se esse for bom aluno: “O quê? Física? Geografia? Mas, por quê? Tu podes fazer medicina, tu podes fazer uma carreira melhor.” Isso não acontece só agora; imaginem há trinta anos.

Tenho dois episódios familiares que não posso deixar de lembrar: a minha avó - que tantos amigos aqui conheceram; a minha avó era pequeninha, redondinha, um amor - me disse uma vez: “ Tu vais fazer Física? Mas e depois, o que tu vais fazer com essa tal de Física? Tu vais botar consultório?” Eu disse: “Não, vó, eu vou ser professor.” Ela disse: “Mas como professor, tu não és mulher?” Era assim.

Claro, meus filhos já me disseram: “Tu vais falar no vô.” É claro que eu vou falar no vô. Principalmente, porque eu me lembro no vô sentado comigo e dizendo que ele só tinha escolhido ser médico porque ele não era capaz de ensinar; que ele só tinha decidido fazer Medicina, porque ele não conseguia dar aula, porque dar aula era a coisa mais nobre de todas. Hoje eu sei – e eu e o Moreno tantas vezes conversamos sobre nossos pais – que ele não pensava isso, mas eu fiquei tão cheio de orgulho, eu fiquei tão convicto da minha escolha.

Naquele tempo o ingresso no curso de Física era feito num grupo só; todos entravam e faziam os dois primeiros anos comuns e depois havia a divisão entre licenciatura e bacharelado. Eu não me esqueço das massagens no ego, quando alguns professores, amigos meus do Instituto, me chamavam para me dizer: “Enio, ouvi dizer que tu vais fazer Licenciatura. Por quê? Tu é muito bom aluno, tu podes fazer Bacharelado, vai tranqüilo. Eu acho que tu podes”. E eu dizia: “Não, eu quero ser professor mesmo”. Era complicado. A aventura do magistério me levou a uma discussão séria com outros colegas, com outros amigos. Será que seria possível ser um bom profissional de educação e construir uma empresa de sucesso? O Fontoura, o Jorge, o Régis, o Sérgius, o Moreno, o Felipe, o Marcão, o Miltinho - será que a gente poderia se transformar em empresário sem abrir mão de coisas em que a gente acreditava? Será que a gente poderia, talvez, fazer uma empresa diferente? Aí estava o germe do Unificado e o que o Garcia disse tão bem: “Esse prêmio não é meu, esse prêmio é do grupo Unificado, esse prêmio é desses professores que pagaram o preço de serem empresários, que pagaram o preço de abrir mão de algumas coisas.

No final dos anos 70, quando começamos com o Unificado, quando nós tentamos criar alguma coisa diferente, quando criamos, com a inspiração do Sérgio, o nosso projeto cultural, que deu voz a tantos que, na época, não podiam falar, o Grupo do Unificado, aqueles que acreditaram em que era possível dar aula e fazer mudanças, como: o Colégio Leonardo Da Vinci, com a retomada de um modelo educacional que se perdia; os colégios Unificado, avançando na integração colégio/vestibular. Tudo isso feito num grupo, que, agora, já passa dos 25 anos, e que me dá a certeza que foi possível, sim, que foi possível; nós fizemos e tenho certeza que vamos fazer muito mais.

A década de 80 me trouxe de volta ao Colégio Israelita para trabalhar com uma pessoa que, a meu ver, de todas que eu conheci, é a que mais consegue conciliar a idéia de que educar é saber ser firme, é saber ser humano, é saber conviver com idéias diferentes. O que eu aprendi com a Professora Paulina Silbert, eu sei que não sou capaz de dizer aqui, em palavras, mas eu sei o quanto foi importante. Paulina, obrigado! Obrigado mesmo!

Se eu falo em aprender, cá estou eu em 2002, cá estou eu aprendendo de novo. A Câmara de Vereadores, não o Isaac, meu amigo; não o Garcia, de tantos colégios; não o Nando, meu aluno, meu vizinho, meu amigo de sofrimento no Internacional; não, um Vereador que eu não tinha o prazer de conhecer, um Vereador e sua assessoria que conheceram o trabalho do Unificado e que me honraram com a idéia de nos indicar - indicar a mim, porque era uma forma de indicar o curso Unificado, o Grupo do Unificado.

Eu fui ler sobre o Prêmio Thereza Noronha, pois queria entender um pouco mais. Eu fui pesquisar, eu fui me informar e fiquei muito contente, porque descobri, nessa educadora, em Thereza Noronha, as características de educadora, de perseverança e de luta, que eu já conhecia numa amiga de tanto tempo, a quem eu admiro tanto como educadora, como lutadora.

Os meus amigos já me ouviram falar na Nilce, professora, educadora, cidadã de Porto Alegre, por deferência desta Casa, um dos orgulhos da minha vida.

Para encerrar, eu tive a sorte de ter irmãos, eu tive a sorte de ter irmãos que a vida me deu, irmãos com quem eu aprendi, não irmãos de sangue, mas irmãos com quem eu fui vivendo, que eu fui conhecendo e que eu agradeço tanto que estejam aqui ao meu lado. Alguns, de tantos e tantos anos; alguns, mais recentes. O meu irmão especial, o Régis, até careca que nem eu ele acabou sendo.

Uma palavra de carinho à minha mãe, aos meus filhos e companheiros, o meu Mer que, uma vez, na 8ª série, eu fui me meter a dar aula de Química para ele e ele me disse: “Pai, eu não acredito, tu ganhas a vida dando aula tão ruim!” Eu ali parei, nunca mais me meti com Química!

O meu Moisés, que entrava, pequeno, bem pequeno, no carro – devia ter algum desvio – e dizia: “Pai, dá aula” e eu saía guiando e dando aula de Física. E quem me conhece, sabe o quanto eu flutuava no ar. A minha pequena, a minha Laura, adolescente, que, de vez em quando, me diz: “Pai, eu não posso entender como é que alguém pode gostar de dar aula! Tu tens que te tratar!”

A minha mulher, Regina, minha aluna preta, de sorriso meigo, que tanto tem me ajudado; aos meus amigos e sócios do Unificado, ao meu grupo de Física; sei lá, eu, certamente, vou esquecer alguém, primeiro, porque eu não estou conseguindo ler essas coisas todas. Mas eu queria agradecer pela compreensão dos meus sócios, em todo esse tempo, pelas minhas arestas grandes. Queria terminar, lembrando uma coisa que ouvi o Régis dizer uma vez aos nossos alunos, mas que tenho certeza, vale para todos vocês. Se vocês pensam, se algum dos meus amigos, se algum dos meus alunos pensa que lucrou alguma coisa comigo, vocês não percebem, somos nós professores, sou eu que recebo de vocês toda energia, toda a força. Obrigado. Obrigado a cada um. Obrigado a todos vocês. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Neste momento convidamos todos os presentes a ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Ouve-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a todos pela presença. O Prof. Enio Roberto Kaufmann convida para uma pequena confraternização no “T” Cultural que fica em frente a este Plenário. Boa-tarde a todos.

Damos por encerrada a Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h06min.)

 

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